Ações para reduzir acidentes estiveram entre os temas debatidos no encontro de municípios, realizado em Brasília
O Brasil gasta, em média, R$ 16,1 bilhões em decorrência de acidentes de
trânsito. Do montante, R$ 10,7 bilhões é o custo decorrente das mortes.
O restante, R$ 5,4 bilhões, com os feridos. Os dados estão no Retrato
da Segurança Viária 2014, elaborado pelo ONSV (Observatório Nacional de
Segurança Viária), e compila informações do Datasus, ligado ao
Ministério da Saúde, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica e
Aplicada) e da ANTP (Associação Nacional dos Transportadores de
Passageiros), de 2012. Para se ter uma ideia, o montante é tão grande
que apenas 35 dos mais de cinco mil municípios brasileiros possuem PIB
(Produto Interno Bruto) superior a esse valor.
Por ano, cerca de
45 mil pessoas morrem nesse tipo de ocorrência e mais de 177 mil ficam
feridas. Os dados mais recentes também são de 2012. As estatísticas
colocam o país na posição 148 em um ranking internacional de segurança
no trânsito, atrás até mesmo da Índia, reconhecida pelo caos no tráfego.
As políticas de enfrentamento ao problema e o papel dos municípios
foram temas debatidos durante o III EMDS (Encontro de Municípios com o
Desenvolvimento Sustentável), nesta quinta-feira (9), em Brasília (DF).
"Os dados são alarmantes e nós não percebemos a existência de uma
política de estado de combate a esse problema", avaliou Luiz Carlos
Mantovani Néspoli, superintendente da ANTP. "A sociedade já tem um
diagnóstico, conhece os fatores de risco: velocidade, álcool,
ultrapassagens perigosas, avanço de sinal, atropelamentos . É agindo
sobre eles que podemos ter sucesso em reduzir esses números", reforçou.
Na avaliação dele, faltam ações coordenadas entre os órgãos de trânsito e
o que mais preocupa é a ausência de ações permanentes e efetivas por
parte dos executivos.
O diretor-presidente do Observatório
Nacional de Segurança Viária, José Aurelio Ramalho, considera que uma
das falhas centrais está na educação para o trânsito, especialmente na
formação de novos condutores. "O sistema está preparado para adestrar
motoristas. Todos decoram as sinalizações de trânsito para passar na
prova. As pessoas não são preparadas para refletir sobre as atitudes que
devem ser tomadas e os riscos envolvidos", destacou.
Municipalização do trânsito
Além
disso, o enfrentamento ao problema passa pela municipalização do
trânsito. Apesar de o CTB (Código de Trânsito Brasileiro) prever que
todos os municípios devem assumir essa responsabilidade, apenas 26%
atendem à determinação. Conforme Ramalho, o envolvimento das prefeituras
é essencial, para que as ações ocorram de forma adequada à realidade
local. É papel dos municípios realizar o monitoramento de dados
estatísticos, cuidar da engenharia, da operação, da fiscalização e criar
as escolas públicas de trânsito. "É nas cidades que as coisas
acontecem", salientou.
O problema, disse ele, é que,
diferentemente do que ocorre com outros setores, como saúde e educação,
não há destinação de uma verba específica para essa área, o que leva as
prefeituras a enfrentarem dificuldades financeiras para se adequarem à
lei. Na opinião de Ramalho, esse tema deve ser debatido pela União,
estados e municípios.
Fonte: Agência CNT de Notícias
Nenhum comentário:
Postar um comentário