A gasolina com maior percentual de etanol já está à venda nos postos de combustíveis. Veículos nacionais e importados que não são flex podem ser prejudicados. Entenda
Agora é pra valer, a gasolina vendida no Brasil já tem 2% a mais de
etanol na mistura, tendo passado de 25% para 27%. Por enquanto, apenas a
gasolina premium, bem mais cara, é que manterá o percentual antigo, um
pedido feito pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos
Automotores (Anfavea) até que todos os testes de durabilidade com o
novo combustível sejam concluídos. Será que nada vai mudar na sua vida?
Claro que vai! Quem terá menos problema é quem tem carro flex, que vai
amargar um aumento no consumo de combustível, mas sem problemas no
motor, claro.
Mauricio Assumpção Trielli, professor de engenharia mecânica do Centro
Universitário FEI e especialista em motores e combustíveis, explica que
o consumo vai aumentar porque a gasolina com mais etanol perde poder
calorífico. De acordo com o engenheiro mecânico Henrique Pereira, da
Comissão Técnica de Motores Ciclo Otto da SAE Brasil, o aumento de
consumo deve ficar na faixa de 1,5%. “Isso sem contar que o preço da
gasolina não vai baixar, apesar de o etanol ser mais barato”, disse.
Mas
a frota movida exclusivamente a gasolina ainda é grande no Brasil,
cerca de 50%. São dois grupos de veículos que se encaixam nesse perfil:
os importados e os velhinhos. Geralmente, os modelos importados com
desempenho superior já são abastecidos com gasolina premium, que tem
maior octanagem, o que otimiza sua performance. Além do que, o preço
cobrado a mais pela premium não dói tanto no bolso do proprietário de
um importado. Mas isso não ocorre com quem tem um velhinho, que vai
acabar abastecendo com a gasolina comum mesmo, com maior percentual de
etanol.
PROBLEMAS Então, vejamos o que a nova
gasolina, com 27% de etanol, pode fazer com os carros que não são flex.
Segundo Henrique, os possíveis danos vão depender dos parâmetros
usados na produção de cada carro. “Os importados, por exemplo, estão
preparados para usar gasolina com certa quantidade de etanol, mas há um
desconhecimento de quanto a indústria preparou cada carro para isso.
Teria que ver caso a caso. Na Europa, começou em 15%, depois foi para
20%, mas aqui já estamos com 27%”, analisa o engenheiro, afirmando que a
indústria até trabalha com uma margem maior para resistir a qualquer
distorção, mas que um carro que foi ajustado e calibrado
eletronicamente para determinado combustível pode agora passar a
trabalhar muito no limite. De acordo com Maurício, por mais que um
veículo com injeção eletrônica consiga se autorregular, o bico injetor
não consegue dar a vazão necessária para atingir a potência máxima
porque o próprio combustível não tem o mesmo poder calorífico. “Você
pega um carro a gasolina fabricado há 10 anos. Ele foi projetado para
trabalhar com 22% de etanol. Agora, estamos com 27%”, exemplifica o
professor.
São dois tipos de problemas que podem ocorrer. A
maior concentração de etanol pode causar o desgaste de componentes que
entram em contato com o combustível, provocando a deterioração de peças
emborrachadas, como vedadores, e a corrosão interna de componentes
metálicos. Esses desgastes são perigosos porque podem ocasionar o
vazamento de combustível. Outro problema é do próprio funcionamento do
motor, com dificuldade na hora da partida, falhas nas reduções, falhas
no motor (engasgos) e até mesmo seu desligamento.
No caso dos
carros mais velhos, Maurício acredita que será necessário regular o
carburador para minimizar as perdas de desempenho e o aumento do
consumo. Em relação à deterioração dos materiais, o professor afirma
que esses veículos já vêm sofrendo com a mistura de etanol na gasolina
há muito tempo e agora vão sofrer um pouco mais. O problema mais comum é
a oxidação, que entope as tubulações de combustível e cria uma crosta
dentro do coletor de admissão. Henrique salienta que os testes de
emissões e consumo divulgados são feitos com gasolina com 22% de etanol,
apresentando, portanto, na prática, uma distorção.
Fonte: Vrum
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