Reduzir a velocidade dos carros pode incentivar pedestres e ciclistas a se deslocarem, afirma Luiz Gustavo Campos
Uma das medidas adotadas para reduzir os riscos dos acidentes de
trânsito é o controle da velocidade. De acordo com o Manual de Segurança
Viária publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2008, os
pedestres, ciclistas e motociclistas são agentes vulneráveis e têm suas
chances de sobrevivência reduzidas quando são atropelados ou colidem com
um carro em velocidade igual ou superior a 50 km/h. Já as chances de
sobrevivência aumentam se o veículo trafega a menos de 30 km/h.
Uma alternativa para reduzir o limite de velocidade utilizada nas
vias da Alemanha, Estados Unidos, Canadá, Bélgica, Holanda e Reino Unido
e que traz bons resultados, é a implantação do traffic calming,
um conjunto de medidas que inclui a adaptação do volume, velocidade e
comportamento do tráfego, para que as ruas sirvam a todos e não apenas
aos carros.
De acordo com o diretor da Perkons e especialista em gestão de trânsito e mobilidade urbana, Luiz Gustavo Campos, otraffic calming geralmente
é empregado em áreas com alta densidade de habitações, fluxo de
pedestres e ciclistas. “A redução da velocidade máxima diminui os ruídos
e a emissão de poluentes no ar, isso sem considerar outros ganhos, como
a menor probabilidade de perda do controle do veículo, maior tempo para
reconhecimento dos perigos e maior chance efetiva de evitar colisões”,
destaca.
Conforme disposto no artigo 29 do Código de Trânsito Brasileiro, a
prioridade no tráfego é sempre para o mais vulnerável, ou seja, o
ciclista e o pedestre têm prioridade em relação ao carro, independente
de ser uma zona acalmada ou não. “Reduzir a velocidade dos carros pode
ajudar a tornar a convivência com pedestres e ciclistas mais segura e
incentivá-los a se deslocarem”, afirma o especialista.
A implementação do traffic calming têm sido associada ao uso
de dispositivos que controlam e diminuem a velocidade, como os
equipamentos de fiscalização eletrônica. Ainda assim, a maioria da
população não tem consciência da importância das zonas acalmadas.
“Enquanto não houver uma mudança cultural no comportamento do brasileiro
no trânsito, a fiscalização e a punição são formas eficazes de garantir
a aplicação da legislação, a segurança e integridade de condutores e
pedestres. Sabemos que esse processo de transformação poderá levar anos
ou décadas, mas não podemos desistir”, avalia Campos.
Medida começa a ganhar as vias brasileiras
No Brasil, algumas experiências para reduzir a velocidade das vias já
estão acontecendo. No Rio de Janeiro, por exemplo, a Companhia de
Engenharia de Tráfego (CET) implantou, o projeto Zona 30 em algumas ruas
dos principais bairros da cidade. Já em Recife, a velocidade
estabelecida próximo às ciclofaixas é 40km/h e a fiscalização eletrônica
é uma grande aliada, incorporando segurança no pedalar da população.
Recentemente, em Curitiba houve a implantação das vias calmas. A
Avenida Sete de setembro recebeu algumas mudanças no trecho que se
estende da Rua Mariano Torres até a Praça do Japão, na região central da
cidade. A via calma tem extensão de 6,3 km – 3 km no sentido centro e
3,3 km no sentido bairro e conta com faixas preferenciais do lado
direito da pista, onde carros e bicicletas compartilham o mesmo espaço. A
velocidade máxima permitida para os veículos é de 30 km/h.
A medida, que está em fase final de implantação, tem dividido a
opinião dos usuários sobre sua eficiência. O ciclista Luis Henrique
Fonseca utilizou a via uma vez e não sentiu confiança nos motoristas.
“Por ser uma região central percebo que os condutores ainda não estão
respeitando os cliclistas e é preciso mais orientação para que eles
aceitem dividir o espaço com as bicicletas”, comenta.
A designer Cristina Pagnoncelli, é moradora da região onde a via
calma foi implantada e circula pelo local como motorista e ciclista. Ela
acredita que se todos respeitarem as regras os benefícios serão
significativos. “Dependendo da necessidade e da distância opto pelo
carro ou pela bicicleta. É uma mudança que incentiva a qualidade de vida
e se a população respeitar e aderir à ideia, só temos a ganhar. A
partir do momento que as pessoas são informadas e aprendem que é um
recurso que funciona, as atitudes também mudam”, completa.
Fonte: Portal do Trânsito
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