Motor diesel tem suas desvantagens
O motor diesel é tão mais caro que só compensa usá-lo quem roda elevadas quilometragens mensais

O automóvel a diesel sofreu uma evolução tão marcante nos últimos 20
anos, que muitos brasileiros não percebem que alugaram um desses na
Europa, erram e o abastecem com gasolina. Também pudera: o motor diesel
derrubou a imagem que prevaleceu até a década de 1980 de ser
extremamente barulhento, fumacento e de vibrar tanto a ponto de fazer
trepidar todo o carro.
O governo brasileiro proibiu o diesel nos
automóveis em 1976, pois parte da nossa demanda era importada. E reduziu
seus impostos para baratear o custo do transporte público (ônibus) e de
cargas (caminhões).
O diesel continua proibido no Brasil para
automóveis apesar de toda a tecnologia introduzida em suas novas
gerações: mais equilibrados, suaves no funcionamento, oferecem melhor
desempenho e silenciosos. Por isso a dificuldade, hoje, de o motorista
perceber que está ao volante de um automóvel a diesel.
O assunto
voltou agora à tona, pois foi criada uma comissão de fornecedores
brasileiros de autopeças com o objetivo de derrubar essa proibição, o
“Aprove Diesel”. As empresas – interessadas em fornecer componentes para
esses motores – alegam que novas refinarias vão aumentar
significativamente sua oferta no mercado a partir de 2014 e que os
motores diesel são muito mais eficientes: 30% mais econômicos e 25%
menos poluentes que a gasolina e o etanol. E que o Brasil é o único país
do mundo com um relevante mercado de automóveis onde são proibidos.
Os
argumentos procedem, mas nem tudo são flores em relação ao diesel.
Primeiro, o custo dos motores é muito superior aos que usam gasolina ou
etanol. Tão maior que só compensa usá-los quem roda elevada
quilometragem mensal, como os taxistas ou frotistas.
Em segundo
lugar, as contas feitas pelos defensores do diesel não levam em
consideração que o custo do litro no Brasil é irreal, pois o governo dá
“uma mãozinha” cobrando muito menos impostos. E não é tão limpo quanto
apregoam, pois expelem gases cancerígenos pelo escapamento.
Ninguém
questiona a superioridade do desempenho do motor a óleo (ciclo diesel)
em relação a gasolina/etanol (ciclo Otto), mas não se pode esquecer de
que também os motores Otto vêm passando por um notável desenvolvimento
tecnológico nos últimos anos, com a introdução, por exemplo, da turbina e
da injeção direta. A eficiência dos motores a gasolina/etanol aumenta a
cada novo lançamento da indústria.
Finalmente, o déficit de
diesel no Brasil ainda é gigantesco e só em 2012 foi necessário importar
quase 6 bilhões de litros, mesmo com a adição de 5% do biodiesel
produzido no país. A rigor, a situação dos combustíveis no nosso mercado
é caótica, pois importamos todos eles. A tal da autossuficiência
anunciada pelo então presidente Lula continua ficando para depois, como,
aliás, tantos outros projetos de seu governo.
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