Deputado federal fala em lobby de fabricante e alerta para a falta de estudos técnicos que comprovem eficiência dos equipamentos
O
deputado federal Marcelo Almeida (PMDB-PR) denunciou na
tribuna da Câmara dos Deputados, a manobra política do que classificou
como lobby dos simuladores de direção. Membro da Comissão de
Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara, Almeida apresentou voto
em separado contrário ao projeto de lei 4.449/2012, de autoria do
deputado Mauro Lopes (PMDB-MG), que altera o Código de Trânsito
Brasileiro para exigir a obrigatoriedade de aulas nesses simuladores no
processo de formação de condutores no Brasil. Para Almeida, a proposta
"é um absurdo em todos os sentidos e é resultado do lobby forte de um
único fornecedor de simuladores no país".
Além
de trabalhar pela derrubada do projeto de lei 4.449/2012, Almeida
anunciou que vai apresentar projeto de Decreto Legislativo para sustar
os efeitos da Resolução no. 444, de 25 de junho de 2013, do Conselho
Nacional de Trânsito, que estipulou prazo até 31 de dezembro deste ano
para que todos os Centros de Formação de Condutores tenham simuladores
de direção como parte obrigatória de sua infraestrutura de ensino.
"Esse
lobby é tão forte que está trabalhando no Congresso desde 2012, com o
projeto de lei que quer incluir no Código de Trânsito um assunto que
deve ser tratado somente por resolução, mas já se articulou com o
Contran e emplacou a resolução em junho desse ano, dando prazo para que
os CFCs sejam obrigados a ter esses simuladores. Temos que estancar esse
processo para não repetirmos a história dos kits de primeiros socorros
no Brasil, que trouxe prejuízo para muita gente", alertou.
Almeida
disse que o lobby dos simuladores já está mobilizando a grande mídia do
país para convencer a opinião pública das vantagens desse equipamento.
"Na semana em que a CCJC está votando o projeto, sou avisado que a
apresentadora Ana Maria Braga estava com um simulador no estúdio do
programa Mais Você, da Rede Globo, fazendo propaganda do equipamento e
anunciando para o Brasil inteiro que o uso dele será obrigatório",
contou.
O
deputado, que foi diretor geral do Departamento de Trânsito do Paraná e
é especialista em trânsito, disse que não existe qualquer estudo
técnico, científico ou estatístico que comprovem a eficiência pedagógica
dos simuladores no processo de aprendizagem de direção. O que existe
comprovado, segundo ele, é um mercado de mais de 12 mil CFCs em
funcionamento no Brasil que serão obrigados a comprar um simulador, com
impacto direto nos preços que são cobrados hoje na formação de novos
condutores.
Almeida
encerrou seu discurso pedindo o apoio de todos os parlamentares para a
derrubada do PL 4.449/2012 e para aprovação do projeto de Decreto
Legislativo que irá apresentar na próxima semana para tentar sustar a
Resolução 444/2013 do Contran.
Fonte: O Secretário do Povo
Nenhum comentário:
Postar um comentário