A Secretaria de Saúde de Pernambuco
contabilizou, de janeiro a maio deste ano, 15.687 vítimas de acidentes
envolvendo motos no estado. Somente no Hospital Miguel Arraes, em Paulista,
no Grande Recife, quase todo o setor de ortopedia está ocupado por
pacientes que se feriram em colisões com motocicletas. Em todas as
enfermarias, há pelo menos um caso. De janeiro até agosto, foram
atendidas 932 vítimas de acidente por transporte terrestre na unidade de
saúde: 643, o que corresponde a 69% do total, estavam de moto.
Ainda
de acordo com o Hospital Miguel Arraes, só no mês passado, foram
operadas 113 pessoas que estavam pilotando ou na garupa. O pedreiro
Sirlan Queiroz, 28 anos, mora em Paudalho, na Zona da Mata. Tinha bebido
e fez uma ultrapassagem irregular. Ele foi parar embaixo de um
caminhão. Do dia 24 de agosto pra cá, fez quatro cirurgias e perdeu um
dedo do pé. “Eu tenho um filho para criar e não sei o que vai acontecer
daqui pra frente, estou sem poder trabalhar, o INSS é uma demora danada e
tem essas burocracias todas”, disse.
O
pintor Adriano Batista, 27, também admite que tinha bebido quando se
envolveu em um acidente. Era feriado de 7 de Setembro e ele estava
voltando de Itapissuma, no Grande Recife, quando acelerou demais, a moto
derrapou, e ele caiu. Está com um fixador, fez cirurgia e vai precisar
de outra assim que o joelho desinchar. “Eu aprendi a me apegar, cada vez
mais, a minha família, porque assim eu fiz minha família sofrer, as
minhas filhas. Inclusive, eu não quero mais moto, eu vou vender a
minha”, comentou.
Os
acidentados de moto do Miguel Arraes têm um perfil parecido: 83% são
homens e 65% deles têm entre 20 e 39 anos. Se estendermos a faixa etária
até 59 anos, são 88%. Os dias mais frequentes de acidente são sábado e
domingo.
Em geral, acidente de moto
resulta em ferimentos graves. Muitas vítimas ficam com sequelas
definitivas, sofrem amputações, não podem mais andar. Outras têm
sequelas temporárias e ficam longos períodos sem trabalhar: de três
meses a um ano. O auxiliar de serviços gerais Gilvan Silva, 39, sofreu
acidente em 28 de março. Ele teve uma fratura exposta, fez quatro
cirurgias, recebeu alta. Voltou para o hospital há dois dias e vai ter
que se operar de novo pra corrigir uma deformidade. “Eu louco para ficar
bom e fazer as minhas coisas, pagar as dívidas que estão todas
penduradas e, infelizmente, esse tempo perdido é ouro”, afirmou.
De
acordo com a Secretaria de Saúde, o tempo médio de internamento de um
paciente acidentado de moto é de 30 dias. O custo desse tempo internado é
R$ 230 mil. Se considerarmos o processo todo, incluindo fisioterapia,
previdência social e outros gastos ficam em R$ 954 mil para cada
paciente.
“Isso acontece com o
paciente na idade produtiva, cada vez mais jovem, entrando no mercado de
trabalho e vai ficar gerando despesa pra ele, sem haver sequer a
certeza que ele vai voltar ao trabalho”, disse o médico Fagner Athayde.
Fonte: Blog do Gonzaga Patriota / G1 PE
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